sábado, 5 de março de 2011

Ingrata profissão...


Você se vê com 15 anos e com uma certeza que parece solucionar o maior de seus problemas até então: Já sei qual profissão seguir, já sei o que quero ser, o que prestar vestibular!! Vou ser JORNALISTA.
Olha, parando para pensar friamente era melhor que não soubesse e escolhesse uma profissão aleatória, ou seguisse algo que seus pais, tios e primos sugerissem.
Ok, confesso que sou fascinada, apaixonada e iludida com essa profissãozinha cruel. Jornalismo é uma profissão para poucos. Principalmente se você mora em uma região monopolizada por uma empresa jornalística, se você não foi puxa-saco de professor, se você não tem nenhum parente, amigo, conhecido ou qualquer pessoa com credibilidade alta que possa te dar um bom empurrão no início.
Nunca me iludi com o fato de que seria fácil seguir a carreira jornalística. Sabia de todas as dificuldades. Até aí, beleza.
O que não imaginava era a demora, quanto mais o tempo passa mais me desespero e começo a pensar que talvez o jornalismo não seja para mim. Por mais que seja difícil assumir isso. Por mais que não saiba nem por onde recomeçar, para onde seguir, que outra profissão escolher?
Sim, porque não consigo me ver fazendo nada fora desse universo louco! Essa paixão platônica não me larga. Só quem já experimentou um pouco do gosto da adrenalina do dia a dia como jornalista, sabe do que estou falando. Aquele frio na barriga quando se vê com uma pauta bacana nas mãos, a loucura atrás das fontes, checar as informações, esperar a resposta que será tão importante para a matéria, a foto perfeita, o título, linha fina, lead, depois de toda a loucura ver o texto pronto, a matéria ali na sua frente, concluída, ufa! A sensação de dever cumprido, de escrever um pedacinho da história, de eternizar um fato, um momento...
Pois é, mas estamos falando de uma profissão bem traiçoeira! Não se iluda.
Daí você se forma, depois de toda a loucura e esforços você está formado. Mesmo que seu diploma não valha, absolutamente, mais nada, você está ali graduado, feliz da vida e aí começa a caçada por uma oportunidade.
E começa o sofrimento...
Sim, as melhores vagas estão fora da sua cidade, ou então, pedem que além de ser recém-formado você também JÁ possua outros inúmeros cursos de especialização, idiomas, experiência e bla bla bla.
Cobram milhares de coisas e oferem um salário abaixo até mesmo do piso! Ou existem também as redações que trabalham em regime de escravidão camuflado, rodízio de repórter, após o tempo de experiência: "bye bye"
A busca continua você vê aquela vaga perfeita pra você, com todo os requisitos que você tanto sonhou: Jornal impresso, revista...economia...manda seu pobre currículo, aguarda, aguarda, aguarda...é.
O mercado cobra demais, exige demais, enquanto as universidades oferecem cada vez mais cursos descartáveis. Faculdades que, aparentemente, cumprem toda a grade exigida pelo MEC, porém, de qualquer jeito, poucos professores de qualidade, desinteressados em formar bons profissionais, só cumprem a carga horária e está tudo bem, tudo lindo!
Tive bons professores, alguns poucos grandes mestres. Poucos.
O pior não é isso, o pior é quando você vê aquela pessoa que durante 4 anos de curso junto com você mal frequentava às aulas, não tava nem aí com nada, escrevia um texto bem, mas bemmmmm meia boca, mal sabia falar decentemente: TRABALHANDO NA ÁREA e você não!!
Aí, sim, você se desespera, POR QUE, DEOOOSS???
Ok eu não arrumar nada na área, mas é muita sacanagem um idiota que você sabe que é um idiota conseguir, né?
Não é recalque, não é inveja, não! É revolta mesmo. Ira.
Não me arrependo de ter feito jornalismo, fiz o que quis, aquilo que escolhi, aquilo que tive vontade, que me faz sentir frio na barriga, que considero a mais empolgante, estimulante e fascinante das profissões.
Não sei o que o futuro me reserva, não sei se de fato serei uma jornalista, mas sei que tentei, busquei, me encantei e se pudesse voltar no tempo faria tudo novamente...
Tire a conclusão que quiser.

Não sei nem se esse texto faz sentido ou tem coerência. Mas tem horas que é preciso desabafar. Enfim.


"Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte."
(Gabriel Garcia Marquez)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Serás o meu amor, serás, amor, a minha paz...

Quando dediquei um post ao querido Paul McCartney, ouvi de uma amiga que aquilo era uma verdadeira declaração de amor. E sem pensar duas vezes rebati: "Prova de amor será quando parar para escrever sobre Chico Buarque!".



E não é que chegou a hora de tal declaração!
E se você não gosta de ouvir Buarquices, se não admira, se acha fanatismo besteira, enfim, se não tem o bom gosto que possuo, favor fechar a janela. Sou tão legal que até estou avisando, heim??!!
Pois bem, não sei se sou fanática por Chico Buarque ou por qualquer outro artista. O que sei é que sou apaixonada por esse genial e multiplo artista que, pra mim, é incomparável, inigualável e or concur em qualquer pseudo disputa, porque nada e ninguém é capaz de ganhar uma disputa com Chico.
Não lembro qual a primeira música que me encantou, não sei quando começou tal paixão, sei que me dei conta que ela existia ao ouvir de alguém uma crítica somada a uma careta ao falar dele. Nesse exato momento, que me recordo com tamanha perfeição de detalhes, ao ouvir tais comentários, intimamente, uma revolta, uma incompreensão. "Como pode alguém não gosta, falar mal, criticar CHICO BUARQUE??".
Já faz alguns anos que isso aconteceu, já faz alguns anos que me dei conta da grandeza, do talento e do simbolismo que representam essa figura apaixonante. Suas canções sempre tão perfeitas, sempre tão dispostas a preencher meus dias, alegrando, acalmando, enriquecendo, contribuindo nos meus mais diversos momentos...
Como é bom ouvir Chico.
Da mesma forma que é hipnotizante vê-lo cantar, assistir a um vídeo seu. Que delícia ler seus romances, tão ricos em detalhes, tão cheios de magnetismos, nos prendendo a cada página e nos deixando órfãos a cada ponto final, a cada história tão bem terminada.
Daí os cineastas nos fizeram o favor de transformar alguns desses romances em belas e delicadas películas...
E eu, como uma louca amante do dono dos belos, doces e verdes olhos, digo, do senhor Buarque de Hollanda, leio e releio e releio milhares de vezes, sempre que vejo alguém lendo, sempre que ouço algum elogio sobre suas obras, sempre que percebo um interesse de alguém em ver Benjamim ou Budapeste. Eu TENHO que ler, ou melhor reler. Como se em cada nova leitura eu buscasse um detalhe perdido, um ponto de vista novo.
Buarquices aqui, Buarquices ali...Esse início de 2011 fui surpreendida com novos ouvintes e leitores desse gênio. Sim, amigos que que sempre relutaram, que olhavam com desdém para o meu fascício me presentearam com a informação de que se renderam ao músico, ao escritor que vos descrevo. ORGULHO!! É a evoluçaõ humana se fazendo presente.
Confesso que tenho um certo receio em recomendar seus romances, pois, tenho plena consciência de que como fã posso não ser imparcial, mas já que me perguntam sobre...
Para quem reúne músicas, CD's, livros, curiosidades, para quem espera toda a programação um tanto quanto duvidosa da Tv aberta apenas para na alta madrugada ver um programa em sua homenagem, quem aguarda ansiosa por uma microssérie baseada em suas canções, assiste, procura por encaixar a imagem que criou em sua mente ao ouvir tais canções com a imagem reproduzida TV. Que torce para não haver nenhuma falha bizarra, para que não "destruam" (se é que isso é possível) a obra composta por seu ídolo. Para quem escuta não apenas com os ouvidos, mas com o coração, com a alma cada verso ritmado sempre e cada vez como se fosse a primeira.
Só resta sonhar, desejar e torcer ano após ano para que um dia possa ver, ouvir, cantar, sonhar ao vivo...sonhar com dia em que poderei ver Chico Buarque no palco, cantando especialmente para mim (não me venham dizer que ñ será um show exclusivo pq eu sei, mas o momento será único e eu faço a cena que eu quiser, ok??).


Dizem que a maior parte dos fãs de Chico são mulheres. Dizem que isso se dá ao fato dele falar, descrever e principalmente, compor tão bem a alma feminina. Descrever poéticamente em forma de canção os sentimentos mais profundos, mais sensíveis, mais presentes no cotidiano de nós, mulheres. Não sei se é essa sensível capacidade que nos encanta, se é o lado sambista malandro, se são as politizadas letras. Ou se são apenas seus belos olhos. Ah, seus olhos!! Por isso prefiro afirmar que é tudo isso junto e mais um pouco. Chico é vida!



Tem até comunidade por aí de homens conformados em dividir suas amadas com o galã da MPB!
A quem diga ainda que ser fã de Chico Buarque é cult, está na moda, bla bla bla...
Moda Buarquiana?? Então Chico é atemporal, pois nunca sai moda, década após década, não importa idade, sexo, cor, credo...Gente de diferentes estilos e tribos. Todos possuem pelo menos uma composição na memória, um verso, uma lembrança.
E quando ao folhear um de seus livros você encontra um rascunho de algum bilhete, cartão, recado que foi endereçado a alguém?? E daí você lembra de quando leu pela primeira vez o exemplar, lembra da expectativa da leitura, do momento, do bilhete...
Chico Buarque, você e suas canções podem me descrever em diferentes momentos, podem fazer a trilha sonora perfeita da minha vida, podem me denunciar, encher de esperança e cor meu dia, me dar munição para os meus mais loucos devaneios, inspirar, inspirar, inspirar...
Tanto talento assim em uma única pessoa, deve ter um propósito...
Como não amar? Não se apaixonar? Não passar horas ouvindo, lendo, admirando? Como não recomendar?

Pois é, meu guri, Deus lhe pague por estar sempre no meu cotidiano e, até o fim direi: EU TE AMO!



Perfeição pouca é bobagem!